Após entendermos como a História é dividida em grandes períodos, vamos focar no mais longo e fundamental deles: a Pré-História. Tradicionalmente, define-se Pré-História como o período que antecede a invenção da escrita, ocorrida por volta de 4000 a.C. Mas aqui já encontramos nosso primeiro ponto de reflexão crítica: o próprio nome "Pré"-História.
Esse termo, cunhado no século XIX, carrega uma visão eurocêntrica e problemática. Ao colocar o prefixo "Pré", sugere-se que a "História" de fato só começa com a escrita, como se os milhões de anos de existência humana anteriores, com toda a sua complexidade cultural, social e tecnológica, não fossem "história" de verdade. Isso levanta uma questão crucial: povos que não desenvolveram sistemas de escrita (ou cujos sistemas não conhecemos) não têm História? Obviamente, a resposta é não. Toda sociedade humana, com ou sem escrita, produz cultura, transforma o ambiente, estabelece relações sociais e, portanto, faz História.
Por isso, hoje muitos estudiosos preferem usar termos como "História dos Povos Ágrafos" (sem escrita) ou simplesmente estudar as sociedades desse período sem essa carga hierárquica implícita no termo "Pré-História". No entanto, como a divisão tradicional ainda é muito utilizada, vamos usá-la aqui, mas sempre com essa consciência crítica.
Para desvendar esse passado longínquo, onde não há documentos escritos, recorremos a outras ciências fundamentais: a Arqueologia, que estuda os vestígios materiais deixados pelos grupos humanos (ferramentas, construções, restos de fogueira, artefatos), e a Paleontologia, que estuda os fósseis (restos preservados de organismos vivos, incluindo os hominíneos).
E os dinossauros? É importante esclarecer um erro comum popularizado pela ficção: os seres humanos NÃO conviveram com os dinossauros. Os grandes dinossauros foram extintos há cerca de 66 milhões de anos, enquanto os primeiros hominíneos do gênero Homo surgiram há pouco mais de 2 milhões de anos. Há um abismo temporal imenso entre eles!
A história humana é marcada por um longo processo evolutivo. A especiação, processo pelo qual novas espécies surgem a partir de linhagens ancestrais devido a mutações genéticas aleatórias selecionadas pela seleção natural (adaptação ao ambiente), resultou em diversas espécies de hominíneos. Antes do Homo sapiens (nossa espécie), existiram outras, como:
Por milhares de anos, diferentes espécies humanas coexistiram e interagiram. A extinção das demais espécies e o sucesso evolutivo do Homo sapiens são temas complexos, envolvendo fatores como capacidade de adaptação, organização social, linguagem complexa e, talvez, competição direta.